Decreto Presidencial n.º 313/20 de 10 de dezembro
- Diploma: Decreto Presidencial n.º 313/20 de 10 de dezembro
- Entidade Legisladora: Presidente da República
- Publicação: Diário da República Iª Série n.º 199 de 10 de Dezembro de 2020 (Pág. 6338)
ASSUNTO
Aprova o Plano de Desenvolvimento Nacional 2018-2022 - Revisto. - Revoga o Decreto Presidencial n.º 158/18, de 29 de Junho, que aprova o Plano de Desenvolvimento Nacional 2018-2022.
Conteúdo do Diploma
O Plano de Desenvolvimento Nacional 2018-2022 foi aprovado para dotar o Executivo de um instrumento de implementação do Programa de Governação no horizonte temporal dos anos 2018-2022, na sequência das Eleições Gerais do ano 2017: Considerando que o referido Plano define a sua revisão intercalar no ano 2020 e que o contexto macroeconómico nacional e internacional se alterou de forma relevante, distanciando-se do cenário base estabelecido no ano 2017, devido aos diversos choques externos negativos que se manifestam sobre a economia nacional: Havendo necessidade de se adequar o Plano ao contexto actual, mantendo-se o sentido de cumprimento das metas essenciais do Programa de Governação: O Presidente da República decreta, nos termos da alínea d) do artigo 120.º e do n.º 3 do artigo 125.º, ambos da Constituição da República de Angola, o seguinte:
Artigo 1.º (Aprovação)
É aprovado o Plano de Desenvolvimento Nacional 2018-2022 - Revisto, anexo ao presente Decreto Presidencial, de que é parte integrante.
Artigo 2.º (Dúvidas e Omissões)
As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e aplicação do presente Diploma são resolvidas pelo Presidente da República.
Artigo 3.º (Revogação)
É revogado o Decreto Presidencial n.º 158/18, de 29 de Junho, que aprova o Plano de Desenvolvimento Nacional 2018-2022.
Artigo 4.º (Entrada em Vigor)
O presente Diploma entra em vigor na data da sua publicação. Apreciado em Conselho de Ministros, em Luanda, aos 26 de Junho de 2020.
- Publique-se. Luanda, aos 30 de Julho de 2020. O Presidente da República, JOÃO MANUEL GONÇALVES LOURENÇO.
PLANO DE DESENVOLVIMENTO NACIONAL 2018-2022 (REVISTO)
SIGLAS E ACRÓNIMOS
ABN - Associação Brasileira de Normas Técnicas AIPEX - Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações ASYCUDA - Sistema Automatizado de Processamento dos Dados Aduaneiros BAI - Banco Angolano de Investimento BCGA - Banco Caixa Geral Angola BCH - Banco Comercial do Huambo BCI - Banco Comércio e Indústria BCS - Banco Crédito do Sul BE - Banco Económico BFA - Banco de Fomento Angola BIC - Banco Internacional de Crédito BMA - Banco Millennium Atlântico BMF - Banco BAI Micro-Finanças BNA - Banco Nacional de Angola BNI - Banco de Negócios Internacional BOCLD - Banco da China - Sucursal de Angola BOEPD - Barrels of Oil Equivalent Per Day BOPD - Barrels of Oil Per Day BRT - Bus Rapid Transit BUAP - Balcão Único de Atendimento ao Público BVB - Banco Valor CEFOPESCAS - Centro de Formação de Pescas CNUCED - Conferência das Nações Unidades sobre Comércio e Desenvolvimento DST - Doenças Sexualmente Transmissíveis ECA - Escola de Campo dos Agricultores EDA - Estação de Desenvolvimento Agrário EUA - Estados Unidos da América FAA - Forças Armadas Angolanas FGC - Fundo de Garantia de Crédito FNB - Finibanco Angola GEE - Gases de Efeito Estufa I&D - Investigação e Desenvolvimento IANORQ - Instituto Angolano de Normalização e Qualidade IATA - Associação Internacional de Transportes Aéreos ICAO - International Civil Aviation Organization INE - Instituto Nacional de Estatística INIDE - Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento da Educação IPCN - Índice de Preço no Consumidor Nacional ISTAM - Instituto Superior de Tecnologia Agro-Alimentar de Malanje JIRO - Juventude Informada, Responsável e Organizada JUCE - Janela Única do Comércio Externo
- LCC - Linha de Crédito da China MACVP (MINDEN) - Ministério da Defesa e Veteranos da Pátria MAPTSS - Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social MASFAMU - Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher MAT - Ministério da Administração do Território MINTTICS (MTTI) - Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social MED - Ministério da Educação MEP - Ministério da Economia e Planeamento MESCTI - Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação MINAGRIF (MINPESMAR) - Ministério da Agricultura e Pescas MINCULT (MINTUR e MINAMB) - Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente MIND (MINCO) - Ministério da Indústria e Comércio MINEA - Ministério da Energia e Águas MINFIN - Ministério das Finanças MINJUD - Ministério da Juventude e Desportos MINOTH (MINCOP) - Ministério das Obras Públicas e Ordenamento do Território MINPESMAR (MINAGRIF) - Ministério da Agricultura e Pescas MINSA - Ministério da Saúde MINTRANS - Ministério dos Transportes MINTUR (MINCULT e MINAMB) - Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente MIREMPET - Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás OGE - Orçamento Geral do Estado ONU - Organização das Nações Unidas OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo OSC - Organizações da Sociedade Civil PAC - Projecto de Apoio ao Crédito PADUI - Programas de Acção de Desenvolvimento Urbano Integrado PAT - Programa de Aprendizagem para Todos PDCT - Projecto de Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia PDN - Plano de Desenvolvimento Nacional PIB - Produto Interno Bruto PNDPAD - Plataforma Nacional de Divulgação, Partilha e Acesso a Dados PNFQ - Plano Nacional de Formação de Quadros PRACIMA - Projecto de Revisão e Actualização do Currículo dos Institutos Médios Agrários PROCIP - Projecto de Captação de Investimento Privado PRODESI - Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações PRONAC - Programa Nacional de Avaliação da Conformidade PSO - Protecção Social Obrigatória REDISSE - Sistemas Regionais de Vigilância de Doenças da África Central RETFOP - Revitalização do Ensino Técnico e Formação Profissional RTTI - Rede de Transferência de Tecnologia e Inovação SADC - Comunidade de Desenvolvimento da África Austral SBK - Standard Bank Angola SCBA - Standard Chartered Bank Angola SEACMEQ - Standard Education for Measurement of Education Quallty SEPE - Serviço Público Electrónico SIAC - Serviço Integrado de Atendimento ao Cidadão SICOEX - Sistemas Integrado do Comércio Externo SILAC - Sistema Integrado de Licenciamento das Actividades Comerciais SILAI - Sistema de Licenciamento Industrial SINC - Sistema de Inscrição e Contribuição SINOC - Sistema integrado de Operações Cambiais SIP - Sistema Integrado Predial SIRGQ - Sistema Integrado de Registo de Gestão de Quadro SIRP - Serviço Integrado de Registo Predial SME - Serviço de Migração e Estrangeiros SNEFP - Sistema Nacional de Emprego e Formação Profissional TUPPI - Todos Unidos pela Primeira Infância VIH/SIDA - Vírus de Imunodeficiência Humana/Síndroma de Imunodeficiência Adquirida VTB - VTB Angola YETU - Banco YETU ZCL - Zona de Comércio Livre ZIP - Zona de Influência Pedagógica
INTRODUÇÃO
- O Estado coordena, regula e fomenta o desenvolvimento nacional com base no Sistema Nacional de Planeamento, que integra os instrumentos de planeamento que apresentam a Estratégia e os Planos de Actuação do Executivo, visando promover o desenvolvimento sustentado e harmonioso do País, assegurar a justa repartição do rendimento nacional, preservar o ambiente e aumentar a qualidade de vida dos cidadãos.
- Os dois principais instrumentos do Sistema Nacional de Planeamento e de maior relevância são a Estratégia de Longo Prazo (ELP) - Angola 2025 e o Plano de Desenvolvimento de Médio Prazo - Plano de Desenvolvimento Nacional 2018-2022 (PDN 2018-2022).
- A Estratégia de Longo Prazo (ELP) - Angola 2025 consubstancia a visão do Estado sobre as opções de desenvolvimento do País, no período de 25 anos, com base em premissas e cenários para o alcance do desenvolvimento socioeconómico sustentado.
- O Plano de Desenvolvimento de Médio Prazo - PDN 2018-2022 congrega o conjunto de programas, projectos e actividades que materializam a ELP no horizonte temporal de 2018-2022, sendo o principal instrumento de planeamento nacional de médio prazo.
- Assim sendo, o Sistema Nacional de Planeamento no período 2018-2022 está alicerçado na ELP - Angola 2025 e no PDN 2018-2022, todavia, estes dois instrumentos aproximam-se do prazo de conclusão da vigência, ou seja, faltam cinco (5) anos para a conclusão da vigência da ELP e pouco mais de dois (2) anos para a conclusão da vigência do PDN 2018-2022.
- A metodologia estabelecida para o PDN 2018-2022 prevê, no seu Capítulo 11.2, uma revisão em 2020, período que corresponde à metade do tempo de vigência. Foi com base neste pressuposto que se elaborou o presente Documento que serviu de base para preparar o Plano de Acção para o período 2020-2022, como resultado da avaliação intercalar do PDN 2018-2022.
- Para além desta introdução, o documento inclui as seguintes secções:
Capítulo I. Contexto:
Capítulo II. Revisão Intercalar do PDN 2018-2022 e Definição de Prioridades para o período 2020-2022:
Capítulo III. Execução, Monitorização e Avaliação do Período 2020-2022.
CAPÍTULO I. Contexto 1.1. Internacional 8. Crescimento Económico(1) - As perspectivas mais recentes sobre a Actividade Económica Mundial apontam para uma contracção do Produto Interno Bruto (PIB) mundial de 4,9%, em 2020, e uma forte recuperação em 2021, em torno de 5,4%, reflectindo a normalização da actividade económica, suportada por políticas de estímulo.
- Tal desempenho deve-se, por um lado, às expectativas para as economias avançadas que deverão registar uma taxa de variação negativa de 8,0%, em 2020, seguida de uma forte recuperação em 2021, durante o qual se espera um crescimento de 4,8%. Por outro lado, para os países emergentes e em desenvolvimento, está previsto que o PIB tenha uma queda de 3%, para o ano 2020, e retorne ao crescimento de 5,9%, em 2021.
- Contudo, prevalecendo o risco de não se materializarem alguns aspectos que sustentam a perspectiva de recuperação da economia mundial, fundamentalmente para os principais países parceiros comerciais de Angola, os efeitos esperados sobre a economia nacional são de agravamento das contas externas, devido à perda de termos de troca, influenciado pela redução do valor das exportações, que decorre de uma menor procura global.
- Commodities(2) - É esperada uma subida dos preços do petróleo bruto e do gás natural resultante do aumento da procura mundial por produtos derivados de 2020 para 2021. As premissas de linha de base, de acordo com o que sugerem os preços médios anuais do brent de USD 38/barril, em 2020, e USD 48/barril, em 2021. Estes preços configuram um cenário desafiante à sustentabilidade das finanças públicas do País, tendo em conta o elevado nível de endívidamento público.
- Adicionalmente, é expectável que o preço dos bens alimentares(3) decresça 2,6%, em 2020, influenciado pela redução do preço da carne em - 8,7%, em 2020, não obstante a valorização dos cereais em 3,3%, devido à procura chinesa. Tal resultado deve-se às disrupções na cadeia de fornecimento, como consequência das restrições às exportações dos principais exportadores de alimentos, dos atrasos nas fronteiras, das preocupações relativas à segurança alimentar em regiões afectadas pela COVID-19, assim como das limitações na actividade do sector da restauração e similares, representado um ambiente favorável para o desenvolvimento do sector agro-alimentar a nível nacional. Para 2021 espera-se o retorno à normalidade, no qual as expectativas apontam para um aumento dos preços dos bens alimentares de 0,4%, com o preço da carne a crescer 3,3% e os cereais a estagnarem, devido o aumento do nível de stock dos grandes importadores.
- As previsões para o comportamento do preço do Ouro(4) apontam para uma tendência de crescimento, no médio prazo, estimulada pelo aumento da procura por esta commodity para fins de constituição de reservas de valores, dado o nível de incerteza nas economias avançadas e nas 1 Fundo Monetário Internacional (FMI), World Economic Outlook Update, Junho 2020. 2 Administração de Informações sobre Energia dos EUA (US Energy Information Administration), Short-Term Energy Outlook, Junho 2020. 3 Fundo Monetário Internacional (FMI), World Economic Outlook, Abril 2020. 4 Agência de Previsões Económicas (The Economy Forecast Agency), Junho de 2020. emergentes. Portanto, espera-se um preço médio de USD 1.844, USD 2.475,6 e USD 2.790,9 por onça, em 2020, 2021 e 2022, respectivamente. Esta tendência, representa um incentivo para Angola continuar e acelerar a investigação geológico-mineira na escala regional para o alargamento das áreas com potencial de exploração de ouro e, ao mesmo tempo, atrair investimento nacional e estrangeiro que possam capitalizar os projectos em curso.
- Relativamente aos Diamantes(5) - a actual situação é de algum equilíbrio, embora persistam incertezas e contenções. Contudo, para os próximos anos, prevê-se que os preços aumentem, devido à redução da oferta de diamantes substancialmente a partir de 2021, com a perspectiva de queda anual de 8%, em comparação com previsão de produção para 2020, em decorrência do declínio da produção, influenciado pela maturação na minas de Argyle, na Austrália, e na minas de Diavik e Ekati, no Canadá, configurando-se um cenário favorável para a Indústria Diamantífera Nacional aumentar a produção, que tem como meta a produção de 10,05 milhões de quilates, em 2022.
- Inflação(6) - As expectativas apontam para uma inflação de 0,3%, em 2020, e de 1,1%, em 2021, nas economias desenvolvidas. Para as economias emergentes prevê-se uma tendência de crescimento dos preços mais estável, ao passar de 4,4%, em 2020, para 4,5%, em 2021.
- Espera-se que as Taxas de Juro(7) se mantenham em níveis baixos, com fortes perspectivas para atingirem valores negativos, com vista a estimular a actividade produtiva, como é o caso da Zona Euro, onde se perspectiva que os depósitos a prazo de 3 meses, em 2020 e 2021, tenham taxas de juros negativas de 0,4%. A procura por moeda para o consumo e investimento será baixa, porquanto o panorama económico mundial de incertezas e receios colocarão as famílias e os investidores numa situação de contenção de despesas. Os investidores foram afectados pela redução da procura agregada, enquanto as famílias tornaram-se inadimplentes devido à perda de emprego e redução dos seus rendimentos.
- Taxas de Câmbio(8) - As perspectivas apontam para uma desvalorização do índice do USD dólar no curto prazo devido as altas taxas de mortalidade por COVID-19 e as novas tensões com a China, seguida de recuperação no médio prazo, dada a sua proeminência como uma das principais moedas de reserva e tendo em conta o processo abrandamento das operações de compra de activos financeiros por parte da reserva federal do EUA. Por outro lado, não obstante a desvalorização registada no curto prazo do Euro, perspectiva-se que a moeda se mantenha estável no médio prazo.
- Por último, as recentes estimativas apontam para uma pressão de decréscimo de Investimento Directo Estrangeiro (IDE)(9), de 40%, em 2020, entre 5% a 10%, em 2021, e com probabilidade de ligeira recuperação em 2022, retornado gradualmente a tendência pré- pandemia. Em média, as top 5 mil empresas multinacionais que compreendem a maioria do IDE anunciaram já as revisões em baixa de 30% nas estimativas de lucros devido a COVID-19, em 2020. As indústrias mais afectadas são energia e matérias-primas (-208% para energia, também impulsionado pelo preço do petróleo), aviação (-116%) e indústria automóvel (-47%). É expectável que a região da África Subsariana será afectada tanto pela falta de entrada de IDE como pela saída de capital estrangeiro (p. ex., foi já observada a retirada em escala de capital do continente Africano).
1.2. Nacional5 Bain and Company, Indústria Diamantífera Mundial 2019. 6 Fundo Monetário Internacional (FMI), World Economic Outlook Update, Junho 2020. 7 Idem. 8 Banco HSBC, Currency Overview, Junho de 2020. 9 CNUCED, Relatório de Investimento Mundial 2020, Junho de 2020.
1.2.1. Avaliação do Desempenho dos Pressupostos Macroeconómicos, no Período 2018- 2019 1.2.1.1. Sector Real e Preços 19. O cenário macroeconómico nacional que se observou, durante os anos de 2018 e 2019, foi marcado, essencialmente, pelo desvio do valor de algumas variáveis assumidas como pressupostos. Depois das recessões verificadas em 2016 e 2017, o Produto Interno Bruto voltou a contrair 2%, em 2018, face à taxa positiva de 2,3%, antecipada no Plano: e em 2019, a economia terá contraído 0,9% (preliminar), desempenho para o qual o sector não petrolífero terá contribuído com uma taxa de crescimento de 1,6%, depois de, em 2018, se ter registado um cenário de estagnação para este sector. Gráfico 1. Evolução do Produto Interno Bruto (%) Fonte: INE 20. Em relação ao perfil do desempenho sectorial, o Sector Petrolífero, incluindo o gás, registou quedas sistemáticas dos níveis de produção. A produção média diária estabelecida para os dois primeiros anos de implementação do Plano, em 1,652 milhões de barris/dia, observou um desvio de 13%, situando-se em torno de 1,431 milhões de barris/dia. Gráfico 2. Evolução da Produção Petrolífera Anual (Milhões barris, Bbl) Fonte: MIREMPET 21. O desempenho do Sector Petrolífero tem sido determinado, essencialmente, pelos seguintes factores:
- i) Declínio natural de produção nos principais blocos (0,15,17,18, e 31)(10);
- ii) Redução nos níveis de investimento, particularmente, o investimento directo estrangeiro na ordem dos 52,9%, entre 2015 e 2019:
- eiii) Ineficiência dos sistemas de recuperação secundária no Sistema de Produção.
- O gás registou um crescimento médio de 7,9%, fruto da normalidade da produção na fábrica do ALNG.
- Em contrapartida, verificou-se que os preços das ramas angolanas estiveram acima da previsão, em decorrência dos acordos de restrição da produção mundial a nível do grupo OPEP+ (11). Gráfico 3. Evolução do Preço das Ramas Angolanas (USD/barril) Fonte: MIREMPET10 MIREMPET. Relatório de actualização e Revisão de Indicadores do PDN 2018- 2022. 11 Países da OPEP, incluindo Rússia: Arábia Saudita, Irão, Iraque, Kuwait, Venezuela, Angola, Argélia, Líbia, Nigéria, Equador, Emirados Árabes Unidos e Qatar + Rússia.
- Agricultura - Depois de se ter registado, em 2018, uma contracção de 2%, face à previsão do plano de crescimento de 5,9%, estima-se que, em 2019, o sector tenha Retomado a sua trajectória de crescimento, estimado em 0,8%, comparativamente a uma previsão de 6,8%antecipada no Plano. Gráfico 4. Crescimento Sectorial da Agricultura - Previsto Vs Executado (%) Fonte:
- MEP e INE 25. Pesca - Durante o período em avaliação, verificou-se um desempenho aquém do esperado, tendo-se observado recessões de 17,1% e 18%, em 2018 e 2019 respectivamente, contra as previsões de crescimento de 2,2% e 3% do Plano. Tal resultado deriva, sobretudo, da diminuição do número de embarcações em actividade, em decorrência das acções de fiscalização levadas acabo pelo sector no sentido de garantir o cumprimento dos regulamentos e licenças para o exercício da actividade pesqueira, do limite do esforço de pesca e das condições técnicas e higio-sanitárias na manipulação do pescado. Para além disto, constatou-se a ocorrência de factores climáticos no ambiente marinho, caracterizados pelo aumento das temperaturas da água acima da média global de aquecimento. Gráfico 5. Crescimento Sectorial das Pescas e Derivados - Previsto Vs Executado (%) Fonte: MEP e INE
- Indústria - Apesar dos grandes constrangimentos e desequilíbrios da economia, os dados revelam um crescimento médio de 2,5%, entre 2018 e 2019, comparativamente à previsão de 2,8% (média dos dois anos). Gráfico 6. Crescimento do Sector da Indústria Transformadora - Previsto Vs Executado (%) Fonte: MEP e INE 27. Construção - O sector verificou um aumento do ritmo de crescimento, entre 2018 e 2019, de 0,4% e 4,9%, respectivamente, contra as previsões de 3,1% e 3,4%, respectivamente, desempenho para o qual terá contribuído o processo de regularização de atrasados, bem como a retoma do Programa de Reabilitação de Estradas. Gráfico 7. Crescimento Sectorial da Construção - Previsto Vs Executado (%) Fonte: MEP e INE 28. Comércio - O sector tem melhorado o seu desempenho, fruto do crescimento da produção de bens agrícolas e industriais, assim como da dinamização do processo de emissão dos alvarás comerciais. Gráfico 8. Crescimento Sectorial do Comércio - Previsto Vs Executado (%) Fonte: MEP e INE 29. Transportes - Normalmente considerado um dos barómetros da dinâmica da actividade económica, nos dois anos de implementação do Plano, o sector registou um crescimento médio de 3,6%, desempenho para o qual terão contribuído o aumento do número de passageiros transportados no Sector Aéreo, bem como a quantidade de toneladas de cargas transportadas por via rodoviária. Gráfico 9. Crescimento Sectorial do Transportes - Previsto Vs Executado (%) Fonte: MEP e INE 30. Inflação - Relativamente ao nível geral de preços, durante o período 2018-2019, assistiu-se a uma tendência de redução da taxa de inflação, ao situar-se em 16,9%, no final de 2019, aos 17,4% estabelecido no Plano, depois de ter atingido o registo expressivo de 42%, em 2016. Gráfico 10. Evolução da Inflação Global Homóloga (%) Fonte: MEP e INE 31. Em síntese, o desempenho das variáveis tomadas como pressupostos sugere que as medidas de política económica estabelecidas para mitigar os riscos que tinham sido associados às projecções do Quadro Macroeconómico do PDN 2018-2022 - nomeadamente os associados à volatilidade da produção e do preço do petróleo bruto - necessitam de ser reforçadas com outras de estímulo da produção nacional. 1.2.1.2. Sector Fiscal 32. A situação financeira do Estado, nos dois primeiros anos de implantação do Plano, foi substancialmente difícil, caracterizada por sobre-endívidamento, tendo em conta a dinâmica do rácio Serviço da Dívida/Receitas Fiscais, que foi de 58,9% (2016), 71,5% (2017), 99,7% (2018) e 86,7% (2019). Por outro lado, apesar dos ajustes significativos realizados a nível do défice fiscal e do défice primário, o stock da dívida registou um nível de 105,2%, sobre o PIB, em 2019, face aos 84%, registados no final de 2018.
- Com vista a corrigir um conjunto de desequilíbrios nos agregados macroeconómicos, o Governo assinou com o FMI um Acordo Alargado ao abrigo do Programa de Financiamento Ampliado, no qual se estabelece como objectivos primordiais: (i) a redução das vulnerabilidades orçamentais: (ii) o reforço da sustentabilidade da dívida: (iii) a redução da inflação: (iv) a implementação de um regime de câmbio flexível: (v) o asseguramento da estabilidade do sector financeiro e reforçar o quadro de combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo.
- Como resultado do processo de consolidação fiscal, após três anos de acumulação de défices fiscais (2014 a 2017), no final de 2018, registou-se uma inversão nesta tendência, que se manteve, em 2019, estimando-se que o saldo orçamental global tenha sido superavitário, em 0,8%, do PIB, e que o saldo primário tenha sido, igualmente, superavitário de 6,4%, do PIB.
- No essencial, até ao final de 2019, as variáveis fiscais estiveram em linha com o previsto no Plano, uma vez que neste se estabeleceu a meta de geração de saldos globais positivos, a partir de 2020, conforme se constata na tabela a seguir. Tabela 1. Execução do Quadro Fiscal (% do PIB) Fonte: Ministério das Finanças (MINFIN) 36. O nível de financiamento líquido contraído pelo Governo registou um aumento de 424,1%, entre 2018 e 2019, ao passar de Kz: 212,4 mil milhões para Kz: 1.113,3 mil milhões. Gráfico 11. Financiamento do Governo Fonte: Ministério das Finanças (MINFIN) 37. Particularmente, o financiamento interno cresceu 121,8%, saindo de Kz: -559,6 mil milhões para Kz: 122,2 mil milhões. Por sua vez, o financiamento externo teve um aumento de 28,4%, passando de Kz: 772,0 mil milhões para Kz: 991,1 mil milhões.
- Entretanto, no ano 2018, o financiamento do Governo junto do mercado externo foi equivalente a 363,4%, do montante de financiamento contraído, enquanto no ano 2019, foi equivalente a 89,0%.
- Apesar dos ajustamentos feitos à Despesa Pública, a dívida governamental teve um crescimento de 51,8%, de 2018 para 2019, ao passar de Kz: 21.141,0 mil milhões para Kz: 32.101,2 mil milhões. A dinâmica da dívida foi determinada, essencialmente, pela ausência de crescimento da actividade económica e pela desvalorização cambial, tendo em conta a representatividade da dívida externa, que, entre 2017 a 2019, foi, em média de 60,6%. Gráfico 12. Dívida Governamental (mil milhões KZ) vs. Taxa de Câmbio (KZ/USD) Fonte: Ministério das Finanças 40. A dívida interna cresceu 28,1%, saindo de Kz: 8.367,5 mil milhões para Kz: 10.721,4 mil milhões e a dívida externa teve um aumento de 67,4%, atendendo que saiu de Kz: 12.773,5 para Kz: 21.379,8 mil milhões.
- Por seu turno, no ano 2018, o valor da dívida externa representou 60,4%, da dívida governamental, tendo em 2019 aumentado para 66,4%. 1.2.1.3. Financiamento do Plano 42. Face à situação financeira acima descrita, constatou-se que, para o período 2018-2019, os recursos financeiros que estiveram disponíveis para implementar os Programas de Acção, representaram, somente, 37,9% do total programado para este período. Tabela 2. Disponibilidade Total de Recurso Financeiros (Mil milhões de Kwanzas)Fonte: Ministério das Finanças (MINFIN).
- Do ponto de vista da distribuição de recursos pelos Eixos, registou-se que a despesa executada foi, em média, 19,8% do total, quando indicativamente estava prevista que se fixasse em 35%. E as despesas em acções correntes (Eixo 0 - Actividade Geral do Estado) representaram, em média, 80,7%, no período em análise, contra a média indicativa de 62,4%, facto que decorreu, fundamentalmente, do elevado serviço da dívida, da menor arrecadação de receitas e das dificuldades de levantamento de financiamento. Tabela 3. Distribuição de Recursos Financeiros pelos Eixos do PDN 2018-2022 Fonte: MINFIM e MEP 44. Quanto à distribuição de Recursos Financeiros pelas Funções do Estado (Tabela 4), observou-se um cenário de melhoria das despesas com as funções Educação, Saúde e Protecção Social, não obstante as fortes restrições financeiras que o país atravessa. Tabela 4. Execução de Despesas por Funções (%) Fonte: MINFIM e MEP 1.2.2. Perspectivas para o Período 2020-2022 45. A situação de partida do contexto macroeconómico nacional, para o período 2020-2022, é de recessão da actividade económica, em 2020, com recuperação lenta do crescimento, a partir de 2021, e de elevado nível de endívidamento público, pelo que a escassez de recursos financeiros se configura como a principal restrição à execução integral do Plano.
- Para o ano 2020, dado o desempenho esperado de contracção do produto petrolífero, prevê- se uma recessão da actividade económica, em 3,6%. Prevê-se, igualmente, contracção, de 2,1%, no Sector Não Petrolífero, devido ao impacto negativo da Pandemia da COVID-19, que, ao influenciar a redução nos níveis de produção de petróleo e do respectivo preço, no mercado mundial, determinou um cenário interno de menor capacidade de liquidez e de financiamento para dinamizar o Sector Não Petrolífero à escala requerida. A previsão para o Sector Petrolífero, incluindo gás, é de contracção de 7%.
- Assim, são apresentados a seguir os pressupostos para a projecção do PIB, no período 2020- 2022, destacando-se na tabela a seguir o comportamento previsto para a produção petrolífera nacional e o preço das ramas angolanas. Tabela 5. Comportamento Previsto para as Variáveis do Sector Petrolífero, 2020-2022 Fonte: Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás (MIREMPET) e FMI 48. Produção de Petróleo Bruto e Gás Natural:
- assumiu-se que o perfil de declínio da produção será acentuado até 2021, em decorrência das incertezas impostas pela pandemia da COVID-19.
- Preço Médio da Exportação do Petróleo Bruto: resulta das previsões do FMI, baseadas no desequilíbrio entre a oferta e a procura das commodities no mercado internacional, Bem como na perspectiva de recuperação lenta da actividade económica mundial, que não estimulará altos níveis de procura por petróleo. Assim, é esperado que o preço se situe em USD 39,5%Bbl, em 2021, e USD 42,7/Bbl.
- Com base nos pressupostos apresentados, para o Sector Petrolífero, estabeleceu-se o seguinte quadro macroeconómico para o período 2020-2022. Tabela 6. Quadro Macroeconómico Para o Período 2020-2022 Fonte: