Decreto Presidencial n.º 69/24 de 11 de março
- Diploma: Decreto Presidencial n.º 69/24 de 11 de março
- Entidade Legisladora: Presidente da República
- Publicação: Diário da República Iª Série n.º 47 de 11 de Março de 2024 (Pág. 3486)
Assunto
Aprova o Plano Nacional de Fomento ao Turismo - PLANATUR.
Conteúdo do Diploma
Atendendo que o Plano de Desenvolvimento Nacional 2023-2027 foi aprovado pelo Decreto Presidencial n.º 225/23, de 30 de Novembro, e que no seu Programa 39 - Programa de Promoção e Desenvolvimento do Turismo, estabelece como prioridades, o investimento nas infra-estruturas, tais como os acessos, a energia e água, as telecomunicações, a captação de investimento privado, a promoção turística e a formação profissional, entre outras: Considerando que as políticas públicas de turismo são enquadradas por um conjunto de directrizes, metas, linhas de acção e matriz estratégica de produtos, destinos e mercados, identificados num Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo, conforme disposto no artigo 10.º da Lei n.º 9/15, de 15 de Junho - Lei do Turismo: Havendo a necessidade de se aprovar o Plano Nacional de Fomento ao Turismo, com vista a materializar as referidas premissas: O Presidente da República decreta, nos termos da alínea b) do artigo 120.º e do n.º 1 do artigo 125.º, ambos da Constituição da República de Angola, o seguinte:
Artigo 1.º (Aprovação)
É aprovado o Plano Nacional de Fomento ao Turismo (abreviadamente designado por PLANATUR), anexo ao presente Decreto Presidencial, de que é parte integrante.
Artigo 2.º (Vigência)
O PLANATUR tem a vigência de 2024-2027, susceptível de revisão sempre que alterações conjunturais a justifiquem.
Artigo 3.º (Dúvidas e Omissões)
As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e aplicação do presente Diploma são resolvidas pelo Presidente da República.
Artigo 4.º (Entrada em Vigor)
O presente Decreto Presidencial entra em vigor na data da sua publicação. Apreciado pela Comissão Económica do Conselho de Ministros, em Luanda, aos 20 de Dezembro de 2023.
- Publique-se. Luanda, aos 19 de Janeiro de 2024. O Presidente da República, JOÃO MANUEL GONÇALVES LOURENÇO.
PLANO NACIONAL DE FOMENTO AO TURISMO
1.Introdução 1. O turismo é uma actividade de importância crucial para o crescimento da economia de qualquer país, tendo em conta a sua capacidade de geração de empregos (sector intensivo em mão-de-obra) e de receitas, bem como de contribuição para o aumento do PIB, com impactos significativos na melhoria da qualidade de vida da população. 2. Angola tem um forte potencial no Sector do Turismo, o que representa uma oportunidade excepcional para transformá-lo num sector estratégico para o processo em curso de diversificação da economia angolana, impulsionando, igualmente, o desenvolvimento social, protegendo e valorizando os recursos naturais. Entretanto, actualmente, o turismo em Angola tem enfrentado vários constrangimentos, que precisam de ser removidos para potenciar o seu desenvolvimento. 3. Deste modo, torna-se imprescindível desenvolver uma aposta focada em explorar, ao máximo, este motor económico de excelência, passando pela adopção de medidas ousadas e inovadoras, com o envolvimento do Estado, do empresariado privado e das comunidades locais, a fim de:
- i. Estruturar a oferta turística;
- ii. Apoiar as empresas do Sector;
- iii. Incentivar a procura turística: eiv. Assegurar a satisfação dos turistas.
- A visão de Angola para o turismo, na Estratégia de Longo Prazo (ELP) do Governo, é que, até 2050, o Sector garanta uma contribuição de 1,9% para o PIB, face aos actuais menos de 1% (dados referentes a 2022), essencialmente, por via do aumento do número total de turistas internacionais de 129 mil em 2022, para 2 milhões por ano até 2050.
- É neste contexto que é elaborado o Plano Nacional de Fomento ao Turismo (PLANATUR), que do ponto de vista do seu enquadramento estratégico, está em articulação com o Plano de Desenvolvimento Nacional - PDN 2023-2027, na medida em que materializa a Política de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações, implementando o Programa de Promoção e Desenvolvimento do Turismo.
- Objectivos 6. Com vista ao rápido crescimento do turismo em Angola, a curto e médio prazos, foram estabelecidos como objectivos do PLANATUR, os seguintes:
- i. Assegurar o investimento directo em grande escala;
- ii. Facilitar o acesso de turistas para Angola e a sua mobilidade internamente;
- iii. Desenvolver infra-estruturas e serviços públicos;
- iv. Assegurar a formação e capacitação de quadros para a prestação de serviços: ev. Aperfeiçoar o quadro legal e regulamentar da actividade turística.
- Para alcançar a visão preconizada neste Plano, serão definidas cinco prioridades, nomeadamente:
- a)- Requalificação de 18 recursos turísticos prioritários;
- b)- Aperfeiçoamento do quadro jurídico-legal do Sector, visando a melhoria do ambiente de negócios de modo geral;
- c)- Formação profissional e capacitação de quadros do Sector;
- d)- Melhoria das infra-estruturas e equipamentos nas áreas de interesse e potencial turístico, nomeadamente, nos 3 (três) Polos de Desenvolvimento Turístico e nas Províncias do Cuanza- Norte, Benguela, Huíla, Namibe e Zaire:
- ee)- Promoção da marca «Angola Tourism(1)» e atracção de investimento privado para o Sector. 3.Desempenho do Turismo a Nível Internacional1 Conforme consta na ELP 2050 e PDN 2023-2027. Outra opção é denominar Marca «Visit Angola».
- O turismo internacional tem apresentado índices de crescimento contínuo ao longo dos últimos 20 (vinte) anos. No entanto, foram registados períodos de alguma estagnação e decréscimo, fruto de algumas crises políticas, económicas e sociais, no cenário internacional. Destas, destaca-se a crise da pandemia da COVID-19, que paralisou de modo geral, o Sector do Turismo, no ano de 2020, tendo sido registados números baixos, comparativamente aos de 2019, uma vez que as chegadas de turistas internacionais caíram na ordem dos 75%, com impacto negativo sobre as receitas internacionais do turismo que caíram 63%. Esta queda no desempenho do turismo representou um grande retrocesso nos mais de 10 anos de crescimento ininterrupto, com enormes perdas para as empresas turísticas e não só.
- Nos anos de 2020 e 2021, o Sector do Turismo registou um declínio significativo no que diz respeito às receitas do turismo (63%) e às chegadas de turistas (75%), como se observa nos Gráficos 1 e 2. Gráfico 1 - Receitas do Turismo (Milhões de USD)Fonte:
UNWTO/OMT. Gráfico 2 - Chegadas de Turistas (Milhões de USD) 10. Relativamente ao propósito das visitas do turismo internacional, estudos indicam que o principal motivo das viagens dos turistas têm sido as férias e lazer, representando 56% da amostra, e que o transporte aéreo é o meio mais utilizado para as viagens, representando 58% da amostra.
- Segundo a Organização Mundial do Turismo(2), a contribuição do turismo no PIB mundial caiu de USD 3,3 triliões(3) para USD 2,5 triliões, ou seja, uma queda de 24% entre 2019 e 2022. Em 2019, a contribuição directa do turismo no PIB mundial, era equivalente a 4%.
- As receitas de USD 1,3 triliões em 2019, eram equivalentes a 28% do comércio mundial de serviços e 7% do total das exportações dos bens e serviços, contra 4% em 2022. 2 International Tourism Highlight, 2023 Edition. 3 Na escala anglo-saxónica e brasileira, sendo equivalente a «bilião» na escala europeia.
- O turismo é tido também como um importante sector de diversificação das exportações, com capacidade de redução dos défices e compensação de receitas de exportação mais fracas de outros bens e serviços. Em 2019, ocupava a terceira posição em termos de exportação mundial por categoria, depois dos produtos da petroquímica, porém, caiu, em 2021, para a nona posição. Gráfico 3 - Top 10 das principais categorias exportadoras a nível internacional (receitas em USD triliões) Fonte: OMT (International Tourism Highlights 2023 edition) 4.Benchmarking 14. A seguir, apresentam-se informações sobre Sector do Turismo em 7 (sete) países cujas características turísticas se assemelham, relativamente, às de Angola, tais como Namíbia, Cabo Verde, Zâmbia, Botswana, Quénia, África do Sul e Moçambique.
- De referir que no período em análise, observa-se um decréscimo na contribuição do turismo no PIB, devido à crise económica mundial e à pandemia da COVID-19. 4.1.Namíbia 16. A Namíbia é conhecida por suas paisagens e contrastes naturais, tendo o turismo como uma fonte importante de geração de receitas e emprego para o país.
- De 2016 a 2021 a contribuição do turismo no PIB da Namíbia passou de 2,8 % em 2016 para 1,1% em 2021. De igual modo, as receitas registaram um decréscimo, passando de USD 295 milhões em 2016 para USD 142,8 milhões em 2021, como se observa na Tabela 1. Tabela 1 - Fluxo de turistas e receitas 2016-2022 Fonte:
MINCULTUR
N/D: Não Disponível 4.2.Cabo Verde 18. O turismo de Cabo Verde conheceu nos últimos anos um incremento assinalável, sendo considerado o sector estratégico para o crescimento económico do país.
- Actualmente, os hotéis cabo-verdianos encontram-se já entre os mais activos de África, tendo uma taxa de ocupação média superior a 60%.
- De 2016 a 2021, a contribuição do turismo no PIB de Cabo Verde passou de 21,46% em 2016 para 6,9% em 2021. De igual modo, as receitas também registaram decréscimo, passando de USD 370 milhões em 2016 para USD 147 milhões em 2021, como se observa na Tabela 2. Tabela 2 - Fluxo de turistas e receitas 2016-2022 Fonte:
MINCULTUR N/D: Não Disponível 4.3.Zâmbia 21. Em 1997, as receitas do turismo atingiram 29,00 milhões de dólares, ou cerca de 0,67% do Produto Nacional Bruto. Em 24 anos, a dependência do país em relação ao turismo aumentou drasticamente. Antes da pandemia da COVID-19, as vendas representavam 819,00 milhões de euros, 3,5% do Produto Nacional Bruto.
- Em 2020, o volume de negócios com turistas caiu devido à pandemia da COVID-19. Dos 819,00 milhões de dólares (2019), restaram apenas 412,00 milhões de dólares. Esta é uma queda de 50% na Zâmbia.
- Em média, cada um dos turistas que chegaram em 2021 gastou cerca de 674 dólares americanos. Tabela 3 - Fluxo de turistas e receitas 2016-2022 Fonte:
MINCULTUR N/D: Não Disponível 4.4.Botswana
- Em 1995, as receitas do turismo atingiram 176,00 milhões de dólares, de 3,7% do Produto Nacional Bruto.
- Em 26 anos, a dependência do país em relação ao turismo aumentou ligeiramente. Antes da pandemia da COVID-19, as vendas representavam 712,40 milhões de euros, 4,3% do Produto Nacional Bruto.
- Em 2020, o volume de negócios com turistas caiu devido à pandemia da COVID-19. Dos 712,40 milhões de dólares (2019), restaram apenas 217,00 milhões de dólares. Esta é uma queda de 70% no Botswana. Tabela 4 - Fluxo de turistas e receitas 2016-2022 Fonte:
MINCULTUR N/D: Não Disponível 4.5.Quénia 27. Em 1995, as receitas do turismo atingiram 785,00 milhões de dólares, ou cerca de 8,7% do Produto Nacional Bruto. Em 26 anos, a dependência do país em relação ao turismo diminuiu significativamente. Antes da pandemia da COVID-19, as vendas representavam 1,76 bilhões de euros, 1,8% do Produto Nacional Bruto.
- Em 2020, o volume de negócios com turistas caiu devido à pandemia da COVID-19. Dos 1,76 bilhões de dólares (2019), restaram apenas 739,00 milhões de dólares. Esta é uma queda de 58% no Quénia. Tabela 5 - Fluxo de turistas e receitas 2016-2022 Fonte:
MINCULTUR. N/D: Não Disponível 4.6.África do Sul 29. O turismo é considerado um sector vital para a economia sul-africana, desempenhando um papel significativo na resposta aos desafios socioeconómicos do país, tendo em conta a sua ampla capacidade de oferta de empregos a indivíduos com diferentes níveis educacionais e competências, mulheres, inclusive nas áreas rurais.
- De 2016 a 2021, a contribuição do turismo no PIB do da África do Sul passou de 2,7% em 2016 para 0,50% em 2021. De igual modo, as receitas também registaram um decr éscimo, passando de USD 7,91 milhões em 2016 para USD 2,12 milhões em 2021, como se observa na Tabela 6. Tabela 6 - Fluxo de turistas e receitas 2016-2022 Fonte:
MINCULTUR N/D: Não Disponível 4.7.Moçambique 31. Moçambique tem no sector do turismo um grande potencial para o crescimento do seu Produto Interno Bruto (PIB), sendo o sector impulsionado e direccionado para a dinamização de geração de emprego e melhoria da qualidade de vida da população.
- De 2016 a 2021, a contribuição do turismo no PIB de Moçambique passou de 0,96% em 2016 para 1,2% em 2021.
- As receitas também registaram um decréscimo, passando de USD 151,00 milhões em 2017 para USD 127,00 milhões em 2021, depois de ter atingido um valor na ordem de USD 90 milhões em 2020, conforme se observa na Tabela 7. Tabela 7 - Fluxo de turistas e receitas 2016-2022Fonte: