Decreto Presidencial n.º 2/24 de 02 de janeiro
- Diploma: Decreto Presidencial n.º 2/24 de 02 de janeiro
- Entidade Legisladora: Presidente da República
- Publicação: Diário da República Iª Série n.º 1 de 2 de Janeiro de 2024 (Pág. 62)
Assunto
Aprova o Plano Anual de Endividamento para o Exercício Económico de 2024 – PAE 2024.
Conteúdo do Diploma
Tendo sido definida a estratégia de financiamento do Orçamento Geral do Estado para o Exercício Económico-Financeiro de 2024: Havendo a necessidade de se materializar a referida estratégia, no âmbito do processo de execução do Orçamento Geral do Estado, tendo em conta as fontes de financiamento internas e externas para o exercício económico de 2024: Convindo estabelecer o nível de endividamento dentro dos limites considerados sustentáveis: O Presidente da República decreta, nos termos da alínea d) do artigo 120.º e do n.º 1 do artigo 125.º, ambos da Constituição da República de Angola, o seguinte:
Artigo 1.º (Aprovação)
É aprovado o Plano Anual de Endividamento para o Exercício Económico de 2024, abreviadamente “PAE 2024”, anexo ao presente Diploma, de que é parte integrante.
Artigo 2.º (Definição)
O PAE 2024 é o documento que materializa a estratégia de financiamento do Orçamento Geral do Estado para o Exercício Económico-Financeiro de 2024, atendendo as fontes de financiamento interna e externas, bem como os limites do nível de endividamento considerados sustentáveis, nos termos do presente Diploma.
Artigo 3.º (Objectivos do PAE 2024)
O Plano de Endividamento para o Exercício Económico-Financeiro de 2024 resulta da manutenção, aprofundamento e melhoria dos objectivos traçados pelo Executivo em 2023, visando:
- a)- Privilegiar a contratação de instrumentos que auxiliam na gestão activa de passivos;
- b)- Promover a eliminação dos títulos indexados à taxa de câmbio;
- c)- Melhorar o perfil de vencimento da dívida pública;
- d)- Fomentar emissões de referência (Benchmark bonds);
- e)- Promover o mercado secundário da dívida pública;
- f)- Aumentar a base de investidores no mercado interno;
- g)- Promover a captação de financiamento com características concessionais;
- h)- Promover a transparência e comunicação com o mercado internacional e nacional.
Artigo 4.º (Estrutura de Captação de Financiamento)
- Visando colmatar o déficit do OGE para o Exercício Económico-Financeiro de 2024, é estimado para o respectivo PAE o montante de captação de Kz: 10 003 841 337 000,00 (dez biliões, três mil, oitocentos e quarenta e um milhões, trezentos e trinta e sete mil kwanzas), equivalente em USD a 12 163 417 314,00 (doze mil, cento e sessenta e três milhões, quatrocentos e dezassete mil, trezentos e catorze dólares), sendo:
- a)- Kz: 6 171 176 936 000,00 (seis biliões, cento e setenta e um mil, cento e setenta e seis milhões, novecentos e trinta e seis mil kwanzas), equivalente a USD 7 503 377 739,00 (sete mil, quinhentos e três milhões, trezentos e setenta e sete mil, setecentos e trinta e nove dólares), mediante recurso ao mercado externo:
- b)- Kz: 3 832 664 400 000,00 (três biliões, oitocentos e trinta e dois mil, seiscentos e sessenta e quatro milhões e quatrocentos mil kwanzas), equivalente a USD 4 660 039 574,00 (quatro mil, seiscentos e sessenta milhões, trinta e nove mil, quinhentos e setenta e quatro dólares), mediante recurso ao mercado interno.
- Sem prejuízo dos limites definidos para cada instrumento, os montantes estimados podem ser alterados, para ajustes, de acordo com a dinâmica de colocação e as condições de mercado.
- A concessão de garantias públicas para o cumprimento dos montantes referidos nas alíneas a) e b) do n.º 1 do presente artigo fica limitada ao valor de Kz: 330 000 000 000,00 (trezentos e trinta mil milhões de Kwanzas), em conformidade com a Lei que aprova o Orçamento Geral do Estado para o Exercício Económico de 2024.
Artigo 5.º (Dúvidas e Omissões)
As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e aplicação do presente Diploma são resolvidas pelo Presidente da República.
Artigo 6.º (Entrada em Vigor)
O presente Diploma entra em vigor na data da sua publicação. Aprovado pela Comissão Económica do Conselho de Ministros, em Luanda, aos 20 de Dezembro de 2023.
- Publique-se. Luanda, aos 29 de Dezembro de 2023. O Presidente da República, JOÃO MANUEL GONÇALVES LOURENÇO. Siglas e Abreviaturas Plano Anual de Endividamento 2024 I. Sumário Executivo 01. O Plano Anual de Endividamento de 2024 é o documento que materializa a estratégia de financiamento no âmbito do processo de execução do Orçamento Geral do Estado, tendo em conta as fontes de financiamento internas e externas e considerando um nível de endividamento dentro dos limites considerados sustentáveis.
- A estratégia de endividamento para 2024, resulta da manutenção, aprofundamento e melhoria dos objectivos traçados em 2023, assentando nos seguintes pilares: • Privilegiar a contratação de instrumentos que auxiliam na gestão activa de passivos; • Promover a eliminação dos títulos indexados à taxa de câmbio; • Melhorar o perfil de vencimento da dívida pública; • Fomentar emissões de referência (Benchmark bonds); • Promover o mercado secundário de dívida pública; • Aumentar a base de investidores no mercado interno; • Promover a captação de financiamento com características concessionais; • Promover a transparência e comunicação com o mercado internacional e nacional.
- Visando colmatar as necessidades de financiamento do OGE 2024 estima-se, para o presente PAE, um montante de captação de Kz 10 003,84 mil milhões (USD 12,16 mil milhões), com maior predominância para o mercado externo com Kz 6 171,18 mil milhões (USD 7,50 mil milhões), contra os Kz 3 832,66 mil milhões (USD 4,66 mil milhões) dos desembolsos no mercado interno.
- Estima-se que o serviço da dívida governamental totalizará cerca de Kz 14 280,79 mil milhões (USD 17,36 mil milhões), dos quais cerca de 58% corresponderão ao serviço da dívida externa (Kz 8 341,27 mil milhões) e 42% ao da dívida interna (Kz 5 939,52 mil milhões).
- Prevê-se que o stock da dívida governamental de 2024 posicionar-se-á em aproximadamente Kz 53 362,49 mil milhões1 (USD 64,88 mil milhões), praticamente inalterado, face ao período homólogo.
- O Plano Anual de Endividamento de 2024 prevê um endividamento líquido positivo de aproximadamente Kz 281,32 mil milhões (USD 342,5 milhões), que resulta da combinação entre o decréscimo do stock da dívida interna na ordem de Kz -357,07 mil milhões (USD 434, 16 milhões) e o acréscimo do stock de dívida externa de cerca de Kz 638,89 (USD 776 milhões).
- Cerca de 81% do stock da dívida governamental tem exposição ao risco cambial, nomeadamente, as Obrigações do Tesouro em Moeda Nacional Indexadas à Taxa de Câmbio, as Obrigações do Tesouro em Moeda Externa, os Contratos de Mútuo junto da banca local em dólar e euro e todo o stock de dívida externa.
- No que concerne ao risco de taxa juro, no final de Setembro de 2023, cerca de 99% do stock da dívida interna estava associado à financiamento com de juro fixa, sendo que a parte significante corresponde à dívida titulada, na qual apenas às OT-INBT tem associadas taxas variáveis. Por outro lado, o stock da dívida externa é composto maioritariamente por contratos com taxas de juro variáveis, que representa cerca de 63% do stock com maior ênfase a indexação à LIBOR e à EURIBOR.
- Relativamente ao risco de refinanciamento é possível constatar que, no que concerne a dívida interna, a maturidade média residual ponderada da carteira da dívida é de aproximadamente 3 anos. Por outro lado, a dívida externa apresenta uma maturidade média residual de aproximadamente 9 anos.
- O documento em análise tem 10 capítulos, dispostos da seguinte forma: no Capítulo II apresenta-se o Cenário Macroeconómico Actual e Perspectivas, no Capítulo III a Previsão do Endividamento Líquido para 2023, o IV aborda a Estrutura de Captação de Financiamento, o V sobre a Projecção do Serviço da Dívida Governamental, o VI sobre a Evolução do Stock da Dívida Governamental, o VII Analisa os riscos do portfólio, ao passo que no VIII e IX analisam-se os Mecanismos de Gestão de Risco e os Factores Condicionantes para a sua implementação, respectivamente, e por fim o capítulo X da Conta de Reserva do Serviço da Dívida (CRSD).
- II. Cenário Macroeconómico Actual e Perspectivas A. Mercado Externo 11. De acordo ao World Economic Outlook do Fundo Monetário Internacional, de outubro de 2023 as projecções mais recente, que o crescimento global diminuirá de 3,5 por cento em 2022 para 3 por cento em 2023 e 2,9 em 2024, antevendo uma redução de um 0,1 ponto percentual para 2024 comparativamente com as últimas projeções de julho.
- O Fundo Monetário Internacional (FMI), na sua atualização de outubro do World Economic Outlook (WEO), prevê que a inflação a nível global continue a desacelerar, de 9,2 por cento em 1 A projecção realizada não considera o efeito da flutuação da taxa de câmbio no stock da dívida governamental ao longo do período. 2022, numa base anual, para 5,9 por cento em 2023 e 4,8 por cento em 2024. Como resultado, as projeções são cada vez mais consistentes com um cenário de “pouso suave”, segundo o FMI, reduzindo a inflação sem uma grande desaceleração da actividade económica, especialmente no Estados Unidos, onde o aumento previsto do desemprego é muito modesto, de 3,6 para 3,9 por cento até 2025.
- De acordo ao Global Economic Prospects do Banco Mundial, de junho de 2023, espera-se que o crescimento na África Subsahariana suba para 3,9% em 2024. A recuperação da maior economia da região, no caso, a África do Sul deverá abrandar para 0,3%, resultado do problema persistente dos cortes generalizados de energia que afectam fortemente a actividade económica e contribuem consequentemente para a persistência da inflação.
- Por outro lado, prevê-se que o crescimento na Nigéria permaneça ligeiramente acima do crescimento populacional – muito mais lento do que o necessário para fazer avanços significativos na mitigação da pobreza extrema. As revisões em baixa das perspectivas, estendem-se para além das principais economias regionais, com um custo de vida elevado que restringe o consumo privado e políticas mais restritivas que impedem uma recuperação do investimento em muitos países. De um modo mais geral, espera-se que o agravamento das vulnerabilidades internas, juntamente com as condições financeiras mundiais restritivas e o fraco crescimento mundial, mantenham as recuperações moderadas. B. Mercado Interno 15. As contas nacionais publicadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), revelam que que o PIB no acumulado do ano até o II trimestre de 2023 cresceu 0,2% em relação a igual período de 2022. Esta variação positiva, é atribuída fundamentalmente às actividades de Agro-pecuária 1,3%: Produto da Indústria Transformadora 0,7%: Electricidade e Água 6,4%: Construção 1,1%: Comércio 2,7%: Transporte e Armazenagem 20,4%: Correio e Telecomunicações 3,8%: Intermediação Financeira e de Seguros 13,7%: Administração Pública 2,0%: Serviços Imobiliários e Aluguer 2,9% e outros serviços 1,2%.
- De acordo com o Banco Mundial, a estimativa de crescimento para o presente ano é de 1,3%, justificado pela expectativa de um desempenho inferior dos sectores petrolífero e não petrolífero. Perspectiva-se que os sectores não petrolíferos serão afectados por cortes nos investimentos públicos e por uma recente depreciação acentuada da moeda, que está a prejudicar o consumo privado e a produção em sectores que dependem de factores de produção importados.
- No domínio do mercado cambial, entre Maio e o final de junho de 2023, o kwanza desvalorizou-se cerca de 40% em relação ao dólar norte-americano, devido à menor oferta de moeda estrangeira por parte do governo, resultante de receitas petrolíferas mais baixas e de um maior serviço da dívida externa, à medida que os acordos de alívio da dívida expiraram.
- Em Setembro, a inflação continua numa trajectória ascendente, situando-se em 17,83%, registando um acréscimo de 0,18 pontos percentuais em relação a observada em igual período do ano anterior. Comparando a variação homóloga actual (Setembro de 2023) com a registada no mês anterior (Agosto de 2023) verifica-se uma aceleração de 2,47 pontos percentuais.
- O stock das Reservas Internacionais fixou-se em 14,02 mil milhões de dólares norte- americanos no final do mês de Agosto, o que corresponde a um grau de cobertura de 7,50 meses de importações de bens e serviços.
- Para o ano de 2024, de acordo ao World Economic Outlook do Fundo Monetário Internacional, de Outubro 2023, as projecções económicas indicam um crescimento de 3,3% e uma inflação a rondar os 25,6%, acima do previsto para o presente ano.
- Em termos de gestão da dívida do mercado interno, os desafios consubstanciam-se nos seguintes: • Elevado comprometimento das receitas fiscais para fazer face ao serviço da dívida (94%), que no contexto de cenário de subida das taxas de juros nos mercados internacionais e nacional, resultará na elevação do risco de refinanciamento do Estado e consequentemente em maior pressão sobre o Tesouro Nacional; • No sentido de garantir a sustentabilidade da dívida, a decisão de aprovação de um financiamento, deverá ponderar os termos do financiamento em equilíbrio com o espaço orçamental para execução do projecto e a capacidade de reembolso da dívida tendo em consideração projecção de receitas futuras; • Não obstante os ganhos alcançados, a base de investidores internos ainda é reduzida para os desafios que se avizinham; • Num cenário de desvalorização da moeda nacional, o aumento do rácio de endividamento público versus o PIB, torna-se eminente, dificultando a sua colocação dentro dos patamares delineados (60% do PIB); • Volatilidade da dívida em função das oscilações cambiais. C. Perspectiva das Agências de Rating 22. Em Outubro de 2023 a agência de notação de risco Moody’s Investors manteve a notação de risco do país, mantendo a perspectiva positiva, baseada nos esforços do governo para restaurar a robustez das contas públicas e melhorar a gestão cambial.
- As principais agências de rating em 2022 apresentaram a suas perpectivas referentes ao quadro macroeconómico actual do país, conforme fundamentado nos parágrafos subsequentes.
- A agência de rating Standard and Poors melhorou a notação de risco soberano do país passando de CCC+ para B-com perspectiva estável, justificado pelo elevado preço do petróleo e das reformas difíceis implementadas nos anos anteriores e ao abrigo do programa do FMI durante 2018-2021, incluindo a liberalização da taxa de câmbio, a introdução de valores imposto (IVA) e racionalização de gastos. Permitindo o governo ter superavits primários médios de 6,8% do PIB nos últimos quatro anos.
- A agência de rating Fitch melhorou a avaliação de risco da dívida de longo prazo do País, do nível CCC, que tem apresentado desde setembro de 2020, para B-, registo similar ao atribuído pela instituição em março de 2020. A instituição justifica a sua classificação pelo facto de se ter registado melhorias nos indicadores fiscais e externos do país, sustentada por um retorno ao crescimento real da economia, gestão fiscal sólida e preços mais altos do petróleo.
- Relativamente a Moody's Investors, houve uma melhoria na classificação da nota, passando de Caa1 para B3 e mantendo a perspectiva estável. A presente nota é fundamentada pelo facto de o perfil do crédito soberano ter apresentado melhorias, aspectos como a subida do preço do petróleo em comparação ao ano anterior e a estabilidade da taxa de câmbio, permitiram um impacto positivo na consolidação fiscal e melhorias estruturais em relação a gestão das finanças públicas que possibilitarão uma trajectória descendente do rácio da dívida pública, que deverá diminuir para 95% em 2022 e menos de 80% em 2023, em comparação aos 122% em 2020. III. Previsão do Endividamento Líquido para 2024 i. Previsão do Endividamento Líquido para 2024
- O Plano Anual de Endividamento de 2024 prevê um endividamento líquido positivo de aproximadamente Kz 281,32 mil milhões (USD 342,5 milhões), que resulta da combinação entre o decréscimo do stock da dívida interna na ordem de Kz -357,07 mil milhões (USD 434, 16 milhões) e o acréscimo do stock de dívida externa de cerca de Kz 638,89 (USD 776 milhões).
- De igual modo, concorrem para o limite de endividamento líquido as operações isoladas ou estruturadas que resultem no aumento do stock da dívida. Assim sendo, a contabilização das operações com duplo efeito de aumento e diminuição do stock, considerar-se-á o efeito líquido. Tabela 1: Endividamento Líquido do PAE 2024 (Kz mil milhões) Tabela 2: Resumo dos Fluxos para 2024 29. No que se refere a dívida interna titulada, na hipótese de défice de Tesouraria, será possível alcançar uma taxa de rollover do serviço da dívida de 54%2, em função da previsão de captação e serviço definidos. Gráfico 1: Panorama da Captação Interna versus Serviço Interno2 Para efeito do cálculo da taxa de rollover, considera-se apenas as emissões de dívida titulada com efeito de caixa.
- IV. Estrutura de Captação de Financiamento 30. Visando colmatar as necessidades de financiamento do OGE 2024 estima-se, para o presente PAE, um montante de captação de Kz 10 003,84 mil milhões (USD 12,16 mil milhões), com maior predominância para o mercado externo com Kz 6 171,18 mil milhões (USD 7,50 mil milhões), contra os Kz 3 832,66 mil milhões (USD 4,66 mil milhões) dos desembolsos no mercado interno.
- Contudo, por forma a responder as condições de mercado e a estratégia de gestão da dívida, os limites de financiamento interno e externo podem ser transaccionados entre si, respeitando o limite de financiamento definido no OGE. Gráfico 2: Proporção de desembolsos por modalidade de captação A. Dívida Interna 32. No que respeita ao endividamento interno, os Títulos do Tesouro serão a fonte primária de financiamento, priorizando emissões de médio e longo prazo de forma a suavizar o perfil de amortização da dívida. Tabela 3: Emissão de Dívida Interna por Instrumento (Kz Mil milhões) ii. Obrigações do Tesouro 33. As Obrigações do Tesouro serão colocadas no mercado por meio de (i) Operações de Leilão (83%), (ii) Operações para Capitalização das Instituições Públicas (8%) e (iii) Operações de Regularização de Atrasados (10%). Tabela 4:
- Composição da emissão de OT-MN e OT-ME (Kz mil milhões)
- O PAE de 2024 contempla emissões de Obrigações do Tesouro em moeda nacional e em moeda externa, com e sem impacto de caixa, que totalizam cerca de Kz 2 455,42 mil milhões.
- Importa sublinhar que buscando o alongamento da curva de vencimentos da dívida interna e a melhoria do perfil de vencimento, conforme estabelecido na Estratégia de Endividamento de Médio Prazo, prevê-se emissões de instrumentos de referência com maturidades de 3, 5, 7 e 10 anos.
- Entretanto, em linha com o objectivo de redução do número de ISINS em circulação e fomento da fungibilidade e liquidez dos instrumentos de dívida pública no mercado secundário, serão reabertos os benchmark bonds emitidos ao abrigo de exercícios anteriores, passando os mesmos a apresentar maturidades residuais entre 2 e 9 anos.
- Deste modo, para as emissões especiais, seriam reservados títulos com maturidades entre 8 e 10 anos, com propósito de suavizar concentração de serviço num único período e o alongamento da curva de vencimentos.
- No que diz respeito às taxas de juros das OT NR, estas serão definidas em função das propostas do primeiro leilão, de modo a garantir não só a transparência deste processo, mas o equilíbrio entre a tendência dos investidores e a estratégia de custo definida pela UGD. De igual modo, a programação dos leilões será feita com base na auscultação do mercado e dos OPTT’s, para melhor alinhamento entre a programação e a execução dos leilões.
- Relativamente aos títulos em moeda externa (OT-ME), as maturidades fixam-se entre 3 e 10 anos, com taxas de juros a serem determinadas pelo mercado, à semelhança das taxas de investimento de risco semelhante nos mercados internacionais. Tabela 5: Composição e Características das Obrigações do Tesouro 2024 (Kz mil milhões) 40. Não obstante os limites definidos para cada um dos instrumentos, os mesmos poderão ser alterados (aumentados ou diminuídos) de modo a possibilitar ajustes de acordo com a dinâmica de colocação e as condições de mercado.
- O princípio acima referenciado, será também aplicado às maturidades disponibilizadas via reabertura dos benchmark bonds emitidos ao abrigo do PAE 2023 que, mediante a existência das condições técnicas necessárias, poderão ser substituídas por novas emissões com maturidade igual a maturidade residual dos títulos que substituem.
- As tipologias de títulos emitidos em leilão terão os seguintes limites: (i) Obrigações de Tesouro Não Reajustáveis, Kz 1 522,44 mil milhões: (ii) Obrigações do Tesouro em Moeda Externa, Kz 507,48 mil milhões. Figura 1: Composição das OT´s em leilão (Kz mil milhões) 43. Pretende-se manter a estratégia de gestão activa da dívida, por meio de operações de troca e recompra antecipada de títulos com objectivo de mitigar riscos de refinanciamento e cambial, mais especificamente através da troca de títulos indexados por não indexados a uma maturidade mais alongada e a realização de resgates antecipados em períodos de concentração de vencimentos, por forma a suavizar o perfil de vencimento da dívida.
- As emissões de OT´s para operações especiais (sem contrapartida de tesouraria), nomeadamente, Capitalizações e Regularização de Atrasados do Estado, serão efectuadas através de Obrigações de Tesouro Não Reajustáveis, conforme tabela infra. Sempre que as condições de mercado permitirem, o stock reservado para esta situação será monetizado em leilão de títulos para repasse da tesouraria aos entes correspondentes (entidades a capitalizar ou credores do estado). Tabela 6: Características das OT-MN para operações especiais (Kz mil milhões) 45. Importa frisar que esta alternativa confere mais liquidez às empresas e reduz o impacto sobre as operações de leilão, sobretudo no processo de definição das taxas remuneração, quando as empresas realizam o repasse dos títulos aos bancos com descontos acima daqueles oferecidos em leilão.
- Pretende-se privilegiar os Operadores Preferenciais de Títulos do Tesouro (OPTT) na realização de operações especiais (regularização de atrasados) como custodiantes do instrumento.
- O gráfico subsequente, permite aferir o perfil das emissões mensais das OT’s ao longo do período em análise. Dentro do volume total, as emissões com efeito de caixa representam 83% do total. Gráfico 3: Perfil das Emissões de OT´s 48. No que concerne a forma de colocação de OT’s em 2024, num cômputo geral, perspectiva-se a consolidação dos critérios definidos em 2022 e 2023, nomeadamente:
- a)- Alicerçar as emissões em reaberturas de ISIN´s, de modo a conferir a fungibilidade dos títulos do tesouro;
- b)- Consolidar as emissões de referência (Benchmark bonds), de acordo com os montantes previstos no PAE;
- c)- Reabrir as emissões de obrigações do tesouro até a maturidade residual de 2 anos;
- d)- Realizar operações de troca e resgates antecipados de títulos;
- e)- Ensaiar a possibilidade de emissão de títulos por meio de sindicatos bancários.
- iii. Bilhetes do Tesouro 49. Relativamente as captações de curto prazo, prevê-se a emissão de Kz 897,87 mil milhões (USD 1,09 mil milhões), dos quais converter-se-ão em dívida fundada cerca de Kz 414,23 mil milhões. Tabela 7: Composição da Emissão de BT´s 2024 (Kz Mil milhões) 50. Com o propósito de melhorar a maturidade média da dívida titulada, dever-se-á privilegiar as emissões de BT´s com maturidade de 364 dias, que representarão 60% do valor por emitir para este instrumento. Tabela 8: Característica da Carteira de Bilhetes do Tesouro para 2024 (Kz Mil milhões) 51. De modo a cumprir com o refinanciamento da dívida de curto prazo, pretende-se adoptar a desagregação de emissão mensal, conforme gráfico abaixo. Gráfico 4: Emissão de Bilhetes do Tesouro em 2024 (Kz Mil milhões)
- Especificamente aos Bilhetes do Tesouro, a forma de colocação dos respectivos papéis obedecerá a estrutura e limites de emissão anual previsto no PAE. As reaberturas deste instrumento poderão ser realizadas até a maturidade residual de 63 dias, conforme metodologia actual.
- iv. Contratos de Mútuo 53. No que se refere a captação de recursos no mercado interno, para além dos instrumentos mencionados acima, o PAE contempla a componente de “Contratos de Mútuo”, que representa um volume de desembolsos de Kz 479,38 mil milhões (USD 0,58 mil milhões).
- O montante acima discriminado inclui a possibilidade de contrair um empréstimo de curto prazo junto ao Banco Nacional de Angola, que em conformidade com o artigo n.º 29 da Lei n.º 16/10 de 15 de Julho “Lei do Banco Nacional de Angola”, o crédito ao Estado em conta corrente, pode ser até o limite equivalente a 10% dos montantes das receitas correntes cobradas no último ano.
- Perspectiva-se igualmente a entrada em vigor de 2 (dois) projectos, conforme ilustra a tabela abaixo. Gráfico 5: Previsão dos desembolsos dos Contratos de Mútuo em 2024 (Kz mil milhões) B. Dívida Externa 56. Relativamente à dívida externa projectam-se captações na ordem de Kz 6 171,18 mil milhões (USD 7, 50 milhões). Em 2024, será feito um monitoramento às condições do mercado internacional, e se as condições permitirem, realizar-se-á uma emissão de títulos soberanos de cerca de Kz 246,74 mil milhões e desembolsos de Linhas de Crédito à Projectos de Investimento Público no valor Kz 1 171, 18 mil milhões e de Apoio à Tesouraria, no total de Kz 5 000,00 mil milhões. Tabela 9: Composição dos Desembolsos Externos (Kz Mil milhões) a. Desembolsos em Contratação 57. Relativamente a contratação de financiamentos com entrada em vigor prevista para 2024, perspectiva-se uma contratação de cerca de Kz 923,46 mil milhões, dos quais, Kz 284, 14 mil milhões (USD 345,48 milhões) destinados a desembolsos de linha de crédto, e kz 639,32 mil milhões (USD 777,33 milhões), para apoio a tesouraria, enquadrados no total de Kz 5 000 mil milhões (USD 6,07 mil milhões) previstos para tesouraria. Do volume em contratação, destacam-se i) 62% peloS Bancos Comerciais, ii) 29% pelos Fornecedores iii) 8% pelas instituições Multilaterais e, finalmente representando 1%, estão os acordos bilaterais com parcelas residuais, conforme detalhado na figura abaixo. Gráfico 5: Financiamentos em Contratação por instituição Financeira 58. O gráfico a seguir, detalha os financiamentos em fase de contratação por orgão sectorial. No que concerne ao peso dos sectores, o MINFIN, nesta acepção, por ter sob sua tutela desembolsos de tesouraria, representa a maior fatia com 69%, seguido do MINTRANS 9% e MINOPUH e MINEA, com 8% e 8%, respectivamente. Gráfico 6: Distribuição dos desembolsos em contratação por Unidade Orçamental
- A tabela seguinte ilustra a captação de recursos em contratação, decorrente de novos financiamentos com entrada em vigor prevista para 2024, por projectos assim como o peso relativo destes desembolsos em relação ao total de captação em contratação. Tabela 10: Captação de Recursos em Contratação (Kz Mil milhões)b. Desembolsos em Execução 60. No que diz respeito aos desembolsos da linha de crédito em execução, prevê-se para a respectiva componente em 2024 um montante de Kz 887, 04, mil milhões (USD 1 078, 53 mil milhões). Gráfico 7: Previsão Mensal de Desembolsos em Execução 61. A nível dos desembolsos de projectos em curso, por Unidade Orçamental, destacam-se sectores com maior volume de desembolsos como, o Ministério da Energia e Águas (MINEA) 49%, o Ministério da Saúde (MINSA) 11% e Ministério dos Transportes (MINTRANS) 9%, Ministerio da Justiça e doS Direitos Humanos (MINJUDH) 6%, Ministerio das Obras Públicas Urbanismo e Habitação com 3%, dos desembolsos adstritos a projectos em execução. Gráfico 8: Distribuição dos Desembolsos por Unidade Orçamental 62. Relativamente à distribuição dos desembolsos por tipo de credor, destacam-se os Fornecedores com 30%, seguem-se as Instituições Multilaterais e os Bancos Comerciais com igual perecentagem 27%, enquanto que os acordos Bilaterais representam 16% do volume total dos desembolsos de projectos em execução. Gráfico 9: Distribuição de Desembolsos por Instituição Financeira V. Projecção do Serviço da Dívida Governamental 63. Estima-se que o serviço da dívida governamental totalizará cerca de Kz 14 280,79 mil milhões (USD 17,36 mil milhões), dos quais cerca de 58% corresponderão ao serviço da dívida externa (Kz 8 341,27 mil milhões) e 42% ao da dívida interna (Kz 5 939,52 mil milhões). Gráfico 10: Composição do Serviço da Dívida Governamental (%) 64. A tabela infra apresenta a decomposição do serviço da dívida interna e externa em termos de amortização, juros e comissões.Verifica-se uma maior concentração do serviço na dívida externa em consequência do nível de amortizações previstas para o período, assim como o pagamento antecipado da dívida do China Development Bank (CDB). Tabela 11: Composição do serviço de dívida de 2024 (Kz Mil milhões) A. Dívida Interna 65. No período em apreço, o serviço da dívida interna alcançará os Kz 5 939,52 mil milhões (USD 7,22 mil milhões), dos quais Kz 4 189,74 mil milhões (71%) corresponderão ao pagamento do capital e Kz 1 749,78 mil milhões (29%) ao pagamento de juros e comissões. Tabela 12: Composição do Serviço da Dívida Interna de 2024 (Kz Mil milhões) 66. A evolução mensal do serviço é exibida no gráfico abaixo, onde se observa uma forte pressão de tesouraria nos meses de Março, Abril e Julho. Gráfico 11: Perfil do Serviço da Dívida Interna - 2024 B. Dívida Externa Tabela 13: Composição do Serviço da Dívida Externa em 2024 (Kz Mil milhões) 67. No que concerne a dívida externa, previu-se um montante total de serviço na ordem de Kz 8 341,27 mil milhões (USD 10,14 mil milhões), dos quais cerca de Kz 5 532,78 mil milhões (USD 6,73 mil milhões) correspondem ao pagamento de amortizações, Kz 2 751,01 mil milhões (USD 3,34 mil milhões) ao pagamento de juros e Kz 57,47 mil milhões (USD 69 milhões) ao pagamento de comissões. Gráfico 13: Perfil do Serviço da Dívida Externa – 2024 Tabela 14: Composição do Serviço da Dívida Externa em 2024 Detalhado (Kz Mil milhões) 68. O perfil do serviço da dívida externa permite aferir que o IIº e IVº trimestre, são os de maior concentração de serviço da dívida, com picos significativos nos meses de Março explicado pelo pagamento antecipado programado para o CDB Junho e Dezembro. Tabela 15: Previsão de Amortização para 2024 Gráfico 14: Perfil do Serviço da Dívida das Linhas com Garantia Petróleo 69. O serviço da dívida das linhas garantidas com petróleo apresenta um pico significativo no mês de Março, em virtude do pagamento antecipado da dívida ao China Development Bank, estimado em Kz 1 393,35 mil milhões (USD 1,70 mil milhões). Gráfico 15: Perfil do Serviço da Dívida Externa com Garantia e Sem Garantia Petróleo VI. Projecção de Evolução do Stock da Dívida Governamental 70. Prevê-se que o stock da dívida governamental de 2024, face ao período homólogo, registe uma variação negativa de cerca de 0,53%. Assim sendo, em Dezembro de 2024, a posição do stock da dívida é estimada em cerca de Kz 53 362,49 mil milhões3.
- A dívida interna terá um decréscimo no stock que se fundamenta pelo nível de amortizações da dívida interna, ao passo que, a dívida externa verificará um acréscimo de 1%, em grande medida justificada pelo volume de desembolsos previstos a nível da componente comercial e de tesouraria. 3 A projecção realizada não considera o efeito da flutuação da taxa de câmbio no stock da dívida governamental ao longo do período. Tabela 16: Previsão do Stock da Dívida Governamental de 2024 (Kz Mil milhões) Tabela 17: Rácios Dívida Governamental vs. PIB VII. Dívida Indirecta A. Projecção do stock das garantias para 2024 72. O stock da dívida indirecta para o exercício económico de 2024 será influenciado pela depreciação cambial da moeda nacional e por movimentos característicos da carteira, nomeadamente, realização de serviços da dívida e desembolsos.
- O ano de 2024, será igualmente marcado pela entrada em vigor de novas Garantias aprovadas nos exercícios económicos anteriores, ao que é esperado um montante adicional no stock, no valor de Kz 221,88 mil milhões, como resultado de quatro (04) projectos do sector privado, este valor será contrastado com o pagamento de serviços da dívida na ordem dos Kz 88,03 mil milhões.
- Como resultado, é esperado um aumento adicional do stock da dívida, na ordem dos 133,45 mil milhões.
- O efeito combinado, da depreciação cambial e das movimentações da carteira, resultará num aumento de 12% no stock, consubstanciando-se num montatnte agregado de Kz 583,72 mil milhões.
- O processo de concessão de garantias reveste-se de caracter excepcional e segue os parâmetros definidos no Regime Jurídico de Emissão da Dívida Pública Directa e Indirecta, Lei n.º 1/14, de 06 de Fevereiro, e tem como base uma análise criteriosa dos projectos e das entidades a serem avalizadas. Para o exercício económico de 2024 foi definido no OGE o limite de emissão de Kz 330,00 mil milhões. B. Garantias em risco de incumprimento 77. Das garantias em carteira, encontram-se em risco de accionamento, as emitidas a favor da Angola Cables, S.A., por incumprimento do serviço da dívida da beneficiária. Tabela 19: Garantias com Risco de Execução (em milhões Kz)
- VIII. Análise de Risco 78. A política de gestão da carteira da dívida pública, complementada com as práticas modernas de gestão de risco, ocupam a lista de prioridades do Executivo e estão explícitas na legislação vigente sobre o endividamento público. Um dos destaques nesta óptica reside na orientação de minimizar os custos de financiamento numa perspectiva de longo prazo, devendo esta estratégia estar sujeita a níveis prudentes de risco.
- Tendo em conta estes pressupostos, os principais riscos associados a carteira de dívida pública actual são (i) risco de liquidez, (ii) risco de taxa de juros, (iii) risco de taxa de câmbio, (iv) risco de refinanciamento, sem prejuízo de virem a ser identificados e mensurados outros riscos, face às cirscuntâncias económicas, políticas, financeiras e de ambiente interno e externo. A. Risco de liquidez 80. O risco de liquidez avalia a capacidade do Tesouro Nacional em realizar o serviço da dívida com base nos níveis previstos para a receita fiscal e pode ser aferido através do rácio “serviço da dívida/receitas fiscais” ou ainda através do rácio “juros da dívida/receitas correntes”.
- O quadro a seguir apresenta os rácios esperados para 2024, destacando os rácios do “serviço da dívida interna/receitas não petrolíferas” e “serviço da dívida externa/receitas petrolíferas”. Tabela 18: Rácios de Sustentabilidade (Kz mil milhões) 82. Como se pode aferir pela análise da tabela, o serviço da dívida representará aproximadamente 94% das receitas fiscais projectadas. Neste sentido, o serviço da dívida compromete praticamente na totalidade as receitas do período, evidenciando o desafio do Estado em fazer face as demais despesas. De igual modo, num cenário de desvalorização da moeda e deterioração dos indicadores económicos, quer a nível nacional e internacional, o Estado pode enfrentar sérias dificuldades para cumprir o serviço da dívida.
- Ao se estabelecer o serviço da dívida interna em 121% das receitas não petrolíferas, a dívida interna representará grandes desafios para a política fiscal em 2024, num contexto de elevada pressão sobre à tesouraria.
- Com base na estrutura de previsão de receitas para 2024, pode-se verificar que as receitas do Tesouro Nacional denominadas em USD (provenientes dos impostos petrolíferos, incluindo a receita da Concessionária) correspondem a aproximadamente de três quintos do serviço da dívida externa.
- Perspectiva-se para o exercício económico de 2024, a utização de operações de REPO como um instrumento de suporte na gestão de tesouraria do Estado. B. Risco de taxas de juros 86. O risco de taxa de juro avalia o impacto das flutuações das taxas de juros sobre a sustentabilidade da dívida. (i) Dívida Interna 87. Relativamente ao stock da dívida interna, ao final de Setembro de 2023, cerca de 99% estava atrelado à taxas de juros fixas. A fatia com taxa variável correspondia a totalidade das OT-INBT e os Contratos de Mútuo.
- Contudo, o stock da dívida interna está exposto ao risco de taxa de juros devido ao volume de instrumentos que vencem no curto prazo, susceptíveis de alterar a taxa de juro aquando da contratação de nova dívida. Neste caso, apenas 5,56% do stock está sujeita a alteração da taxa de juro. O custo médio ponderado da dívida interna é de 12,61%. Gráfico 6: Custo médio ponderado da dívida interna titulada (ii) Dívida Externa 89. A carteira da dívida pública externa contém uma grande percentagem de empréstimos com taxas de juro variáveis, facto este que é consistente com a pouca concessionalidade da carteira de empréstimos de Angola. Gráfico 6: Stock da Dívida Externa por Tipo de Taxas 90. Por sua vez, o stock da dívida externa é composto por contratos a taxas de juros variáveis, que representam 65% do stock , com ênfase para a indexação à LIBOR e à EURIBOR. Gráfico 7: Stock da Dívida Externa por Tipo de Taxas 91. No gráfico abaixo, é apresentado o custo médio mensal da carteira da dívida externa governamental, podendo ser observado uma tendência de crescimento deste indicador. Gráfico 16: Custo Médio da Dívida Externa em 2024 92. O custo médio ponderado da dívida cresceu cerca de 2 pontos percentuais face ao período homólogo.
- O aumento significativo nas taxas de juros, reflectem os esforços dos bancos centrais das maiores economias do mundo, de reverter a subida de preços e recuperar a sua estabilidade. Os resultados, têm sido de efeito lento e gradual, entretanto, perspectiva-se no curto prazo um esforço financeiro adicional do Estado no pagamento dos juros do serviço da dívida externa.
- Sendo assim, no âmbito da gestão da dívida, do monitoramento dos riscos e vulnerabilidades à esta associadas, a fim de mitigar o impacto do aumento das taxas de juros sobre o peso do serviço da dívida, urge avaliar a possibilidade de recurso a instrumentos financeiros de gestão de risco de taxas de juros, como por exemplo, o Swap (Troca) de taxa de juros “variável-fixa”, o momento, e a viabilidade operacional na lógica de custos, dado o peso significativo da dívida externa com taxa varável. C. Risco Cambial 95. O risco cambial procura mensurar o impacto da variação da taxa de câmbio sobre o serviço da dívida pública e o stock.
- Assim, seriam afectados por variações cambiais o stock de Obrigações do Tesouro em Moeda Nacional Indexadas à Taxa de Câmbio, as Obrigações do Tesouro em Moeda Externa, os Contratos de Mútuo denominados em externa e todo o stock de dívida externa que, em conjunto, representam 81% do stock da dívida governamental. (i) Dívida Interna 97. A carteira da dívida interna afectada por este risco corresponde a 29%4. Nesta perspectiva, quando ocorre uma depreciação do Kwanza evidencia-se um aumento no valor das OT-TXC, 4 Considerando o stock a 29/09/2023 das OT-ME e Contratos de Mútuo denominados ou indexados ao USD e em EUR quando expressos em Kwanzas. Tabela 19: Stock da Dívida Interna sujeito à variação cambial 98. No que diz respeito às OT-TXC, o impacto é mais evidente pois originam um acréscimo efectivo do stock e do serviço da dívida, não por via da conversão mas por via da correcção cambial.
- Pode-se verificar que até Setembro de 2023, a variação cambial conferiu um acréscimo do stock da dívida interna em termos nominais de aproximadamente Kz 2 030,37 mil milhões, dos quais Kz 624,02 mil milhões (31%) referente à variação nas OT-TXC, Kz 1 032,37 mil milhões (51%) às OT-ME e Kz 373,99 mil milhões (18%) concernente aos contratos de mútuo. (ii) Dívida Externa 100. Até Setembro de 2023, cerca de 83 % do stock da dívida externa estava denominado em dólares americanos e o remanescente em outras moedas, conforme evidencia o gráfico a seguir: Gráfico 17: Composição do Stock da Dívida Externa por Moeda 101. Considerando que a receita petrolífera é cotada em dólares americanos e que o serviço da dívida externa é realizado na moeda forte, uma desvalorização não afectaria os fluxos desta componente de dívida. Porém, causará aumento do seu stock quando expresso em Kwanzas. D. Risco de Refinanciamento 102. O risco de refinanciamento reflecte a possibilidade de o Tesouro vir a enfrentar custos mais elevados para obter financiamentos na medida em que a dívida, especificamente de curto prazo, vai vencendo. Deste modo, este risco está sensivelmente relacionado com o perfil de vencimento da dívida pública. 103. No que concerne a dívida interna, a maturidade média residual da carteira é de aproximadamente 3 anos. Contudo, em termos de maturidade contratual, este número ascende para os 6 anos. Ao passo que a dívida externa tem uma maturidade média residual da carteira de aproximadamente 9 anos.
Gráfico 18: Projecção de Resgate de Dívida Externa e Interna até 20595 104. Importa destacar, que o volume de dívida interna previsto para 2024, deve-se ao serviço de OT ME e OT NR, que em conjunto correspondem a 77% do peso da dívida interna. Relativamente a dívida externa, as amortizações a partir de 2042 correspondem a dívida multilateral e ao resgate da emissão de Eurobonds com maturidade de 30 anos.
- IX. Principais acções e Factores condicionantes 105. Uma vez identificados os riscos, a etapa seguinte consiste em desenvolver acções proactivas para suavizá-los.
- A mitigação destes riscos permanece desafiante devido ao forte comprometimento das receitas fiscais para o pagamento do serviço da dívida, a necessidade de se continuar no processo de desenvolvimento do mercado interno de títulos e o aumento das taxas de juros nos mercados internacionais.
- Neste seguimento, deve-se desenvolver procedimentos contínuos e exequíveis, em conformidade com as oscilações do mercado interno e externo. Sendo assim, passa-se a mencionar as principais acções: Figura 2: Acções para mitigação dos riscos inerentes a dívida5 Data de Corte: 30 Setembro de 2023. Não se considerou novos fluxos.
- O Plano Anual de Endividamento de 2024 apresenta um conjunto de factores que comprometem a sua consecução, nomeadamente: • Considerável comprometimento das receitas fiscais no pagamento do serviço da dívida governamental; • Dificuldade de captação de recursos devido a concorrência com os títulos emitidos pelo Banco Central; • Limitação da base de investidores; • Aumento das taxas de juros nos mercados internacionais; • Dificuldade em obter novos financiamentos devido à exposição ao risco do país.
- O PAE 2024 assenta num volume desafiante de captação de dívida interna, considerando o nível de liquidez e a base de investidores limitada no mercado de títulos, que representa a maior fatia do financiamento interno, comparando a previsão de receitas face ao volume de serviço da dívida, existe uma forte preocupação no que se refere ao risco de liquidez.
- Neste sentido, existe a necessidade do Tesouro Nacional continuar a financiar-se internamente, para o efeito propõe-se uma maior coordenação com a política monetária, não apenas para evitar a concorrência entre os instrumentos de captação de financiamentos (OT e BT) e os instrumentos de gestão de liquidez (operações do banco central), mas também no estabelecimento de um mercado monetário que não se sustente em taxas de juros especulativas.
- No âmbito da gestão da dívida, a fim de mitigar o impacto do aumento das taxas de juros nos mercados internacionais, urge avaliar a contratação de instrumentos de cobertura de risco para salvaguardar a sustentabilidade fiscal e da dívida.
- X. Conta de Reserva do Serviço da Dívida 112. A Conta de Reserva para fazer face ao serviço da dívida (CRSD), foi uma proposta colocada no PAE transacto com objectivo de mitigar primordialmente o risco de refinanciamento. No entanto, no presente PAE, pretende-se reiterar a importância deste instrumento para a gestão de liquidez, uma vez que permite ter disponibilidade de caixa para o pagamento do serviço da dívida em períodos críticos, possibilitando a melhoria dos indicadores de risco definidos na estratégia de médio prazo.
- A CRSD é uma subconta da CUT que serve como uma ferramenta de gestão de passivos de dívida e mitigação do risco de tesouraria, sustentado por um quadro jurídico legal, com a premissa de restringir a utilização dos fundos para uso exclusivo do serviço da dívida.
- A Conta de Reserva para o serviço da dívida, visa solucionar o descasamento e volatilidade dos fluxos de caixa resultantes da incompatibilidade temporal entre a arrecadação de receitas e o cumprimento das despesas que ocorre durante a execução orçamental.
- No contexto de aprovisionamento da referida conta, como mecanismo de salvaguarda do serviço futuro da dívida, propõe-se as seguintes fontes de recursos: • Definição de um percentual do excesso das emissões no mercado interno de títulos; • Receita de capital proveniente do processo de recuperação de activos; • Uma parcela dos recursos provenientes da privatização no âmbito do PROPRIV. • Determinação de um percentual das transferências dos saldos livres (contas garantidas a petróleo) feitas na Conta Única do Tesouro (CUT) para o aprovisionamento da CRSD, no sentido de acautelar-se um montante mínimo de capital (buffer) como estratégia de gestão de risco de default, para suportar o serviço da dívida em períodos de maior concentração de resgates.
- Contudo, é imperioso para o sucesso desta iniciativa a criação de um arcabouço legal que limite o uso dos recursos exclusivamente para a gestão da dívida, com objectivo de garantir as directrizes das origens, alocação e movimento dos recursos financeiros. A. Plano Anual de Financiamento (Trimestral) B. GlossárioDívida Pública Fundada: Dívida Pública Directa contraída para ser amortizada em exercício orçamental futuro àquele em foi criada. Dívida Pública Flutuante: Dívida Pública Directa contraída para ser totalmente amortizada até ao final do exercício do orçamento em que foi criada. Bilhetes do Tesouro – BT: Instrumento de dívida interna de curto prazo (até 364 dias) Obrigações do Tesouro – OT: Instrumento de dívida interna de médio e longo prazo (acima de 364 dias) Obrigações do Tesouro – OTXC: Obrigações do Tesouro indexadas à taxa de câmbio Obrigações do Tesouro – NR: Obrigações do Tesouro Não Reajustáveis emitidas em moeda nacional Obrigações do Tesouro - OT-INBT: Obrigações do Tesouro emitidas em moeda nacional indexadas à taxa de juros dos Bilhetes do Tesouro Serviço de Dívida: Pagamento de Capital e de Juros Concessionalidade: é o resultado da combinação do período de maturidade, taxa de juros, taxa de redesconto e outros factores. Fungibilidade: Títulos fungíveis são títulos da mesma natureza e valor nominal, emitidos pela mesma entidade e que atribuam aos seus titulares direitos perfeitamente iguais, independentemente da respectiva remuneração Dívida Pública Garantida:
- Obrigação interna contraída pelo devedor (público ou privado) cujos pagamentos são garantidos pelo Estado. Em caso de incumprimento por parte do devedor o Estado assegura o pagamento desta obrigação. Sustentabilidade da Dívida: Nível de capacidade financeira e técnica que o país devedor possui para cumprir com as suas obrigações de serviço da dívida. O Presidente da República, JOÃO MANUEL GONÇALVES LOURENÇO.
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